sexta-feira, janeiro 19, 2007

Diz que não?

Diz que não.

Diz que sim.


Mas diz bem!




Passando pelo Chiado fui abordado (há já algumas semanas) por um membro de uma das associações que apoiam o "não" no referendo próximo sobre a lei do aborto.
Pediu-me uma assinatura de apoio ao movimento a que pertencia. A tal pedido respondi que não era solidário pela causa em questão (o voto pelo não).
Após esta resposta tenta convencer-me a assinar dizendo que esta assinatura de apoio não tinha nada a ver com o voto nas eleições (no comment) sendo apenas para juntar assinaturas suficientes para oficializar o movimento (vejam a novidade que me estava a dar... no entanto não estava a gostar do argumento escolhido).

Então a abordagem muda de forma para argumentação mais agressiva:

-Mas conheces a proposta de lei?

-Sabias que querem a despenalização total do aborto durante gravidez?

e?... mais nada

Bahh.. Agora não podia estar mais calado.

Perguntei se era isso que andava a dizer às outras pessoas, já que esta afirmação mostra uma profunda falta de conhecimento sobre o que fala (sendo mais directo posso afirmar que se trata de ignorância intencional na argumentação ou uma leve manipulação através da omissão de diversos factos)...

Disse uma frase que metia a expressão "10 semanas" lá no meio... não sei porque terei dito tal baboseira...

Então a rapariga muito envergonhada começa a desculpar-se e a dizer que tinha sido só connosco.

Por alguma razão não acreditei.

Despedi-me da rapariga sem deixar obviamente assinatura alguma. Então vejo incrédulo um amigo meu a assinar (vou ser morto por dizer isto... mas que se lixe), então parece que aquela técnica não era assim tão má.

Durante os tempos que se seguiram deparei-me com alguns casos semelhantes, e especulo que tanto pelo "sim" como pelo "não" estas omissões de factos estejam a ser utilizadas em larga escala.

É uma pena...



Bem... agora deixo o meu testemunho sobre o assunto.
Não sou extremista nesta questão. Como em muitas outras penso que o ideal seria uma lei resultante de uma dialéctica racional que apresentasse uma abordagem caso a caso.

Mas sejamos realistas e pragmáticos... tal lei poderia ser aplicada eficientemente?
Penso que não.
Logo penso que a lei agora proposta é uma forma mais tolerante de lidar com este assunto extremamente delicado.
Mas um dos pontos principais do "sim" é o facto de tal descriminalização permitir um melhor acompanhamento médico e psicológico antes, no decorrer e depois do aborto. Estaria a mentir se dissesse que não conheço adolescentes que abortaram e que necessitavam desse apoio quando não sabiam para onde se virar.

Não sei quem querem enganar quando pensam que o aborto ilegal é uma fantasia… pois, ganhe o sim ou o não, o aborto continuará a ser uma realidade bem presente na sociedade actual.

E pensando bem, 10 semanas não é, comparando com as leis em vigor nos tanto chamados “países civilizados”, um valor excessivo.

Compreendo o porquê de muitas pessoas votarem “não”, até respeito profundamente diversas argumentações dessa causa, mas, por favor, não tornem o direito à vida num cliché no meio da propaganda!

2 Comments:

At 5:51 da tarde, Anonymous Anónimo said...

também não sou extremista em relação ao assunto, mas sou higiénico! congratulo portanto os visitantes deste blog pelo bom senso em nao terem comentado nada até agora.

caro miguel este assunto cheira demasiado mal para uma pessoa do seu género pegar nele. continue com a postagem sóbria e deixa este debate para a plebe. um bem haja meu caro.

 
At 10:17 da tarde, Blogger Miguel said...

Venomous...

 

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